Há uns dois, três anos atrás, não me recordo bem, saíamos todas as noites durante quase uma semana, eu (Ícaro), Hyago & Rafael Porcão, para fazer o que, roubar pitos de carro. Exato, pitos de carro!
Era uma aventura imensa, pra nós na época, era a coisa mais psicodélica e alucinante que agente fazia. Quando descíamos uns quatro, cinco quarteirões das nossas casas era uma aventura exorbitante. Tal aventura que parecia às vezes durar não horas, mas sim dias e dias.
Nessa primeira parte vou lhes contar o nosso primeiro dia de aventura.
Era por volta das 19h, e não tínhamos nada pra fazer, até hoje não sei de onde veio essa mirabolante idéia de sair para roubar pitos. Fomos, saímos pelas ruas até então desconhecidas, e a tática era a seguinte: Um vigiava, enquanto os outros dois tiravam os pitos. Mas não era nem pito de ferro, como chamava na época, que nós íamos atrás não, era qualquer tipo de pito mesmo, até os de plástico valiam.
Nós estávamos perto de uma escolinha que tinha aqui por perto, umas três quadras daqui se não me engano. E pra gente qualquer carro parado na rua já valia. Nós avistamos tal carro, só não percebemos que do outro lado da rua, tinha várias pessoas num terraço, resolvemos arriscar. Pra que meu deus?
Eu dessa vez tava de vigia, assim que eu passo pela rua pra vê se tinha algo de errado, não vi as pessoas. Até aí tudo bem, eu fico parado na esquina enquanto o Hyago e o Porcão iam atacar o carro. Assim que o Porcão tirou o primeiro pito, nós só ouvimos esse singelo ruído:
– No meu carro tu não meches não, seu viado!
Foi uma correria doida, eu e o Hyago corremos pro lado de casa, mas o Rafael correu pro outro lado, puta merda, cadê o Porcão?
E agente chegou em frente a casa do Hyago, e nós estávamos tremendo mais que vara verde. E era uma preocupação doida atrás do Porcão, cadê esse cara que não chegava.
E sério quase que agente chora de preocupação. Mais ou menos trinta minutos depois, lá se vem o Rafael Porcão, todo suado e sujo de lama.
– Porra Rafael, onde tu se meteu cara?
– Cara, vocês não acreditam, o cara entrou correndo dentro da casa, pegou a chave do carro, e saiu correndo atrás de mim. Eu saí correndo, “tubado”, e o cara atrás de mim, eu tive que pular dentro dum beco pra me esconder, fiquei deitado lá, e o cara passou um monte de vez bem devagarzinho, só que não me viu.
Passado o susto, todos nós voltamos pra nossa casa, já arquitetando maquiavelicamente o que iríamos fazer no dia seguinte. No próximo capitulo dessa história, vou lhes contar o nosso avanço tecnológico para roubar os pitos e todas as nossas máquinas usadas para o trabalho. Aguardem.
. Texto escrito por: Ícaro Uther